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Professor de Teologia da Regent College – Vancouver –, J. I Packer, em seu
livro O plano de Deus para você (CPAD, 254 páginas), afirma que
os teólogos, à semelhança de técnicos em tratamento de águas e esgotos, são como
“especialistas em esgotos da igreja”, argumentando, em seguida, que o papel
dele – o teólogo – “é detectar e eliminar poluição intelectual, e assegurar,
tanto quanto possível ao homem, que a verdade vivificante de Deus flua pura e
sem veneno para os corações cristãos”.
Entendo que esse papel nunca se fez tão necessário
na vida das igrejas, como nos dias atuais. Hodiernamente há uma espécie de
“coquetel venenoso” sendo ministrado aos cristãos, que tem o condão de poluir as
mentes e matar o espírito destes.
Nesse
“coquetel” há a combinação de jargões evangélicos com a pregação de uma fé
materialista acrescida de frases de efeito. Pronto: tem-se uma “doutrina” capaz
de juntar gente aos montes e fabricar “crentes de laboratórios”, que, ao invés
de serem gerados pela crença no sacrifício de Jesus na cruz do calvário, o são
por causa dos benefícios que Deus lhes pode proporcionar.
Por
isto, as igrejas, cada vez mais, estão repletas de pessoas inescrupulosas,
preocupadas com os seus próprios umbigos e sem qualquer ligação com o Senhor
Jesus.
Infelizmente, “a verdade vivificante de Deus” tem
sido relegada a um mero detalhe e, ao invés de estar presente nos corações dos
“cristãos”, é substituída, como dito, por credulidades e discursos que visam,
apenas, o bem-estar da carne e o conforto do “espírito” (de preferência dentro
de um carro importado ou de uma mansão gigantesca – ou dos dois).
Assim, dia após dia vislumbra-se “crentes” com
caráter de incrédulos; “cristãos” que, ao invés de seguirem a Cristo, seguem
seus instintos; pessoas que não lêem a Bíblia, mas conhecem de cor os livros de
pastores que as incentivam ao desfrute “do bom e do melhor em uma terra que
mana leite e mel”, independentemente do caminho que se tenha que seguir para se
chegar a isto.
Resultado: as igrejas estão cheias (e “cheias” aqui,
tem tanto o sentido de saturação como de inchaço) de discípulos de Nicolau
Maquiavel – em detrimento dos ensinamentos de Jesus – para os quais “os fins
justificam os meios” e, por tal razão, “o que não é proibido é permitido”,
pois, para estes incircuncisos de coração, “bem aventurados são aqueles que não
se condenam no que fazem”. Fazem das frases bíblicas, como dito alhures,
verdadeiros “jargões evangélicos” que visam, muito mais justificar as atitudes
injustificáveis, do que edificar suas vidas.
Ocorre que os ensinamentos preconizados na Bíblia
Sagrada caminham na direção contrária desta “onda” assoladora. O Apóstolo João
anota que Jesus disse: “Eu vos dei o exemplo, para que façais o que Eu fiz” (Jo
13:15). Ou seja, cristianismo não é moda; muito menos glamour.
Cristianismo é, antes de tudo, sujeição aos ensinamentos de Cristo; adoção de
Suas práticas; espelhar-se em Seu testemunho e Suas verdades.
Não estou, com isto, querendo dizer que o cristão
está fadado a abdicar das bênçãos materiais e do conforto que delas pode advir.
Não! Entretanto, elas devem ser relegadas a um plano secundário, vez que,
Segundo o Apóstolo Pedro, “Para isto fostes chamados, pois Cristo padeceu por
nós deixando-nos o exemplo para que sigamos os seus passos” (1ª Pedro 2:21).
Sejam abençoados.