domingo, 12 de maio de 2013

"Para isto fostes chamados"


O Professor de Teologia da Regent College – Vancouver –, J. I Packer, em seu livro O plano de Deus para você (CPAD, 254 páginas), afirma que os teólogos, à semelhança de técnicos em tratamento de águas e esgotos, são como “especialistas em esgotos da igreja”, argumentando, em seguida, que o papel dele – o teólogo – “é detectar e eliminar poluição intelectual, e assegurar, tanto quanto possível ao homem, que a verdade vivificante de Deus flua pura e sem veneno para os corações cristãos”.
Entendo que esse papel nunca se fez tão necessário na vida das igrejas, como nos dias atuais. Hodiernamente há uma espécie de “coquetel venenoso” sendo ministrado aos cristãos, que tem o condão de poluir as mentes e matar o espírito destes.
Nesse “coquetel” há a combinação de jargões evangélicos com a pregação de uma fé materialista acrescida de frases de efeito. Pronto: tem-se uma “doutrina” capaz de juntar gente aos montes e fabricar “crentes de laboratórios”, que, ao invés de serem gerados pela crença no sacrifício de Jesus na cruz do calvário, o são por causa dos benefícios que Deus lhes pode proporcionar.
Por isto, as igrejas, cada vez mais, estão repletas de pessoas inescrupulosas, preocupadas com os seus próprios umbigos e sem qualquer ligação com o Senhor Jesus.
Infelizmente, “a verdade vivificante de Deus” tem sido relegada a um mero detalhe e, ao invés de estar presente nos corações dos “cristãos”, é substituída, como dito, por credulidades e discursos que visam, apenas, o bem-estar da carne e o conforto do “espírito” (de preferência dentro de um carro importado ou de uma mansão gigantesca – ou dos dois).
Assim, dia após dia vislumbra-se “crentes” com caráter de incrédulos; “cristãos” que, ao invés de seguirem a Cristo, seguem seus instintos; pessoas que não lêem a Bíblia, mas conhecem de cor os livros de pastores que as incentivam ao desfrute “do bom e do melhor em uma terra que mana leite e mel”, independentemente do caminho que se tenha que seguir para se chegar a isto.
Resultado: as igrejas estão cheias (e “cheias” aqui, tem tanto o sentido de saturação como de inchaço) de discípulos de Nicolau Maquiavel – em detrimento dos ensinamentos de Jesus – para os quais “os fins justificam os meios” e, por tal razão, “o que não é proibido é permitido”, pois, para estes incircuncisos de coração, “bem aventurados são aqueles que não se condenam no que fazem”. Fazem das frases bíblicas, como dito alhures, verdadeiros “jargões evangélicos” que visam, muito mais justificar as atitudes injustificáveis, do que edificar suas vidas.
Ocorre que os ensinamentos preconizados na Bíblia Sagrada caminham na direção contrária desta “onda” assoladora. O Apóstolo João anota que Jesus disse: “Eu vos dei o exemplo, para que façais o que Eu fiz” (Jo 13:15). Ou seja, cristianismo não é moda; muito menos glamour. Cristianismo é, antes de tudo, sujeição aos ensinamentos de Cristo; adoção de Suas práticas; espelhar-se em Seu testemunho e Suas verdades.
Não estou, com isto, querendo dizer que o cristão está fadado a abdicar das bênçãos materiais e do conforto que delas pode advir. Não! Entretanto, elas devem ser relegadas a um plano secundário, vez que, Segundo o Apóstolo Pedro, “Para isto fostes chamados, pois Cristo padeceu por nós deixando-nos o exemplo para que sigamos os seus passos” (1ª Pedro 2:21).

Sejam abençoados.